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Aqui vocês aprenderam um rígido código de ética profissional, diz Jungmann em formatura na AMAN

  • Publicado: Segunda, 05 de Dezembro de 2016, 13h41

Resende, 03/12/2016 - Num discurso para 428 cadetes formandos da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, destacou os valores aprendidos pelos aspirantes no período de academia e que seguirão com eles até chegarem ao posto máximo ou concluírem o ciclo numa das Armas do Exército Brasileiro. Segundo o ministro, como centro de excelência acadêmico e profissional, a AMAN permitiu à turma desenvolver não somente conhecimentos teóricos e treinamento prático.

Foto: Felipe Barra/MD

 

 

“Vocês também desenvolveram o espírito de fraternidade e camaradagem que os unirá a seus companheiros de turma e de Força nas próximas décadas. Aqui vocês aprenderam um rígido código de ética profissional que se traduz em palavras de ordem como “missão dada é missão cumprida”, “Braço forte, mão amiga” e o brado de guerra “Brasil acima de tudo”, afirmou Jungmann.

O ministro também aproveitou o momento para “festejar” a participação de cadetes de países como Venezuela, Peru e Paraguai, que integraram a turma “Sesquicentenário da Batalha de Tuiuti”. “A presença de alunos estrangeiros é testemunho que a formação de um grupo de elite nacional jamais poderá perder de vista a abertura para o mundo e, sobretudo, a convicção de que a cooperação internacional é um dos pilares da defesa”, destacou.

Formandos da AMAN

O ministro Raul Jungmann se deslocou neste sábado (3) para o município de Resende, para participar de cerimônia de formatura dos cadetes da AMAN. No aeroporto da cidade, ele foi recebido pelo comandante da Academia, general André Luís Novaes Miranda, de lá se deslocou para o hotel de trânsito na região central, onde se encontrou com o comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas.

Foto: Felipe Barra/MD

 

Em seguida, a comitiva seguiu para a avenida que dá acesso à academia. O ministro foi recebido com honras militares, salva de tiros de canhão e passou em revista à tropa formada nas imediações do pórtico de entrada da AMAN. De lá, todos se deslocaram para o palanque central montado no Pátio tenente Moura.

O evento teve início com os cadetes adentrando ao pátio. A passagem cadenciada arrancou aplausos da plateia que acompanhava atentamente cada passo. Terminada esta etapa, o locutor pediu um minuto de silêncio aos mortos no acidente aéreo ocorrido em Medellin, na Colômbia. Ato contínuo, foi homenageado também o tenente Francisco Conceição Leal, ex-combatente, que assistia à solenidade de formatura.

Coube ao aluno do 2º ano do curso de Material Bélico, Marco Aurélio Assakura de Freitas Sportore, conduzir a espada de Duque de Caxias, colocada num dispositivo nas proximidades do palanque oficial.

Foto: Felipe Barra/MD

 

Na sequência, o ministro Jungmann entregou a espada ao cadete Rômulo Morais Lima, primeiro colocado da Arma de Infantaria. Natural de Teresina (PI), o formando também confraternizou com os pais Alexandre Pereira Lima e Érica Fernanda Neves Morais. E, em seguida, os demais cadetes receberam dos padrinhos as respectivas espadas.

Acidente na Colômbia

Encerrada a formatura, o ministro Jungmann e o general Villas Bôas encontraram o adido militar da Colômbia no palanque. Os dois externaram ao coronel Gustavo Murcia e seus familiares a gratidão do governo e do povo brasileiro ao tratamento que as autoridades e a sociedade colombiana deram durante o processo de resgate e liberação dos corpos das vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido em Medellin.

Atento aos comentários do ministro Jungmann, o coronel Murcia se emocionou junto com a mulher e os filhos. O ministro disse que nas últimas horas conversou por telefone com autoridades colombianas, para manifestar a gratidão da sociedade e do governo brasileiros. Após os cumprimentos, o grupo se posicionou para o registro fotográfico.

Foto: Felipe Barra/MD

 

Na formatura da AMAN compareceram também o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante Ademir Sobrinho, o comandante Militar do Leste, general Walter Braga Netto, o brigadeiro Carlos Vuyk de Aquino, o assessor militar do Ministério da Defesa, almirante Almir Garnier, e demais oficiais generais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

 

Mensagem de Despedida de um Aspirante

O choro é de alegria. O soluço, de emoção. Foram cinco anos da minha juventude, dos quais eu abri mão para poder fazer aquilo que sempre sonhei. Para fazer aquilo que nasci para fazer. Tudo isso porque era o que eu sempre quis. Abri mão do conforto da minha casa, da companhia daqueles que mais amo e entreguei minha juventude. Não tive festas durante a semana com os amigos. Não tive finais de semana em família. Não tive 10 minutos a mais na cama. Tudo isso para poder ter uma profissão que a maioria não entende. Uma profissão a qual era a única que eu poderia seguir.

                "Você vai pra lá pra quê? Pra sofrer?" 

                Não sei. Mas vou, principalmente, porque é meu destino.

                "E o que você aprendeu depois desses 5 anos?"

Aprendi o que é fome, aprendi o que é frio, aprendi o que é dor. Descobri quanto valem exatos 5 minutos de sono e um pedaço a mais de carne. Entendi que nada cai do céu a não ser a chuva. Que banho quente é luxo, que a coletividade não é fácil. Aprendi que tudo tem um preço e que, normalmente, as coisas não são baratas. Aprendi o que é saudade e que ela dói. Descobri que grandes homens também choram e que mochilas são pesadas. Aprendi que para uma boa noite de sono não preciso nem de coberta nem de travesseiro. Aprendi que eu sempre tive tudo demais.


                "E você realmente acha que isso valeu a pena?"


Claro! Porque também aprendi que família não é só a de sangue. Que eu tinha irmãos que não conhecia. Que alguns eram negros, outros ruivos, índios e até estrangeiros. Descobri que sempre tem alguém melhor do que eu em tudo, que existe um lugar em que o rico e o pobre são iguais. Aprendi que, se eu cair, alguém me levantará. Aprendi que se eu chamar, alguém me responderá. Que, se me faltar comida, alguém dividirá sua marmita comigo. Aprendi que não importa o nome que uma pessoa dá para Deus. Que não importa de onde você veio. Aprendi que se eu quiser eu posso, e se eu posso eu faço. Aprendi que o cara do meu lado me respeita e que eu lhe devo o mesmo respeito. Aprendi, também, que ando grandes distâncias e que não preciso mais do que 3 horas de sono por dia. Aprendi que consigo carregar peso por horas. Aprendi que a saudade fortalece. Aprendi a dividir, a dar, a errar e a assumir o que faço. Aprendi a não mentir. Aprendi a ser responsável e o valor de uma amizade verdadeira. Aprendi a dizer "Sim, Senhor" quando não queria. Aprendi a cumprir ordens.


                 "E por que hoje você chora?"


Porque tudo isso tinha um propósito e, hoje, ele se cumpriu. Eu sempre quis mostrar para mim mesmo que eu podia. Eu sempre quis mostrar para minha família quem eu era. Mas, hoje, principalmente, eu choro porque ouvi o que mais batalhei para escutar. "ESTAMOS ORGULHOSOS DE VOCÊ!"


Aspirante de Infantaria 
Valdir Campelo - Turma "Sesquicentenário da Batalha do Tuiutí" - 2016

 

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